Eu achava que já tinha passado naquele endereço antes.
Mas, na dúvida e também pra não perder muito tempo, coloquei os dados no GPS.
Entra a direita, vai em frente, vira pra lá, vira pra cá e cheguei.
Era mesmo o supermercado que eu achava que estava naquele endereço...
Hum.. entrega no supermercado vai ser interessante, pensei.
Como vou fazer pra achar a pessoa?
Estaciono o carro, tiro as flores com o maior cuidado, pego minha prancheta e lá vou eu pra dentro da loja.
Qual não foi a minha surpresa, entro num supermercado com um vaso de flores na mão e não encontrar nenhum funcionário! Ninguém!!
Pra não dizer que não tinha ninguém, achei uma moça no caixa atendendo uma cliente, carrinho lotado de compras.
Pensei que a falta de funcionários pudesse ser um desleixo da empresa, mas a loja me pareceu limpa, arrumada e com produtos novos.
Fui até perto da fila do caixa e fiquei ao lado da mocinha, esperando ela terminar com a cliente.
Mas ela, curiosa que estava, interrompeu o atendimento e perguntou se podia ajudar.
- Claro! Voce conhece essa pessoa? Aonde posso encontrá - la? perguntei mostrando o nome da funcionária no envelope.
Já viu alguém ficar completamente vermelha em menos de 3 segundos? Eu vi...
- É voce?
- Sim...
- E por que voce está tão vermelha?
- Porque estou morrendo de vergonha...
- Senhora, desculpe atrapalhar a fila, mas acho que foi por uma boa causa... tenha um bom dia...
terça-feira, 21 de junho de 2016
#41
Sempre tem uma primeira vez em tudo...
E eu nunca tinha entrado numa sinagoga antes!
Lá fui eu entregar 4 arranjos numa sinagoga da região. Aliás, bem conhecida.
Toca a campainha, se apresenta, entra, pergunta aonde levar os arranjos, volta até o carro e carrega um de cada vez até a porta principal.
Daí em diante são 2 nas laterais do altar, 1 arranjo perto do lugar mais alto no centro da sala (imagino que seja aonde o rabino lê o livro sagrado) e 1 arranjo pequeno para a sala do rabino.
Conheço um funcionário bastante simpático e eloquente que se dispõe a levar o arranjo até a sala onde o rabino esta estudando. Ele bate na porta, espera a autorização e entra com o vaso na mão.
Depois que ele entra ouço a explicação sobre o vaso de flores, presente da comunidade judaica juvenil da cidade.
O Valter sai da sala e me acompanha até a porta de entrada, sempre falando muito. Até que escutamos o rabino chamando...
- Olha, gostei muito do vaso com as flores.
- Muito obrigado! Ficamos felizes que nossos arranjos de flores são elogiados.
- São realmente muito bonitos. Mas não tem outro igual? Queria levar um deles pra casa...
E eu nunca tinha entrado numa sinagoga antes!
Lá fui eu entregar 4 arranjos numa sinagoga da região. Aliás, bem conhecida.
Toca a campainha, se apresenta, entra, pergunta aonde levar os arranjos, volta até o carro e carrega um de cada vez até a porta principal.
Daí em diante são 2 nas laterais do altar, 1 arranjo perto do lugar mais alto no centro da sala (imagino que seja aonde o rabino lê o livro sagrado) e 1 arranjo pequeno para a sala do rabino.
Conheço um funcionário bastante simpático e eloquente que se dispõe a levar o arranjo até a sala onde o rabino esta estudando. Ele bate na porta, espera a autorização e entra com o vaso na mão.
Depois que ele entra ouço a explicação sobre o vaso de flores, presente da comunidade judaica juvenil da cidade.
O Valter sai da sala e me acompanha até a porta de entrada, sempre falando muito. Até que escutamos o rabino chamando...
- Olha, gostei muito do vaso com as flores.
- Muito obrigado! Ficamos felizes que nossos arranjos de flores são elogiados.
- São realmente muito bonitos. Mas não tem outro igual? Queria levar um deles pra casa...
quarta-feira, 15 de junho de 2016
#40
Claro que a portaria ligou ora avisar da entrega de flores...
Mas nem isso foi suficiente pra que a dona da casa agilizasse o processo de abrir a porta.
Toco a campainha (que normalmente não funciona) e espero. Nada...
Bato na porta e nada...
Já estou me preparando pra deixar o vaso no chão quando ouço a fechadura da porta se abrindo, lentamente.
- entrega de flores, senhora!
- que lindas!
- cuidado pois o vaso está pesado
- voce pode por favor colocar lá dentro?
Ela se vira e vai andando na minha frente, passos minúsculos, vagarosamente.
- por favor deixe ali em cima do balcão.
- pois não, senhora! A senhora pode, por favor, assinar o recebimento? digo a ela, estendendo a prancheta...
- voce tem troco? pergunta ela com uma nota estendida
- acho que tenho. Quanto a senhora quer?
- hum... tem 2?
- vou até o carro buscar
Ela pega a prancheta, tira os óculos dos olhos, põe na cabeça a começa a passar a mão na folha de papel... acho que ela não enxerga direito, penso eu.
Vou e volto ate o carro, entrego os 2 e ela me devolve a prancheta com uma assinatura no meio da página.
- voce quer levar uns vasos das outras entregas?
- posso levar, senhora.
- ótimo, vem comigo pra pegar... e sai naquele passinho lerdo...
- estão em cima da máquina de lavar. Pegue aquela escada e abra o armário. Pode pegar todos.
- muito obrigado pela gentileza.
Vou indo em direção à porta e pergunto e ela:
- por que a senhora me pediu o troco?
- ah, queria te dar uma gorjeta...
- mas a senhora pos a nota no bolso direito da blusa e não me deu nada...
- não? ela perguntou enfiando a mão no bolso e esfregando os dedos na nota pra sentir o papel.
Desculpe, aqui está. Tenha uma boa tarde...
Mas nem isso foi suficiente pra que a dona da casa agilizasse o processo de abrir a porta.
Toco a campainha (que normalmente não funciona) e espero. Nada...
Bato na porta e nada...
Já estou me preparando pra deixar o vaso no chão quando ouço a fechadura da porta se abrindo, lentamente.
- entrega de flores, senhora!
- que lindas!
- cuidado pois o vaso está pesado
- voce pode por favor colocar lá dentro?
Ela se vira e vai andando na minha frente, passos minúsculos, vagarosamente.
- por favor deixe ali em cima do balcão.
- pois não, senhora! A senhora pode, por favor, assinar o recebimento? digo a ela, estendendo a prancheta...
- voce tem troco? pergunta ela com uma nota estendida
- acho que tenho. Quanto a senhora quer?
- hum... tem 2?
- vou até o carro buscar
Ela pega a prancheta, tira os óculos dos olhos, põe na cabeça a começa a passar a mão na folha de papel... acho que ela não enxerga direito, penso eu.
Vou e volto ate o carro, entrego os 2 e ela me devolve a prancheta com uma assinatura no meio da página.
- voce quer levar uns vasos das outras entregas?
- posso levar, senhora.
- ótimo, vem comigo pra pegar... e sai naquele passinho lerdo...
- estão em cima da máquina de lavar. Pegue aquela escada e abra o armário. Pode pegar todos.
- muito obrigado pela gentileza.
Vou indo em direção à porta e pergunto e ela:
- por que a senhora me pediu o troco?
- ah, queria te dar uma gorjeta...
- mas a senhora pos a nota no bolso direito da blusa e não me deu nada...
- não? ela perguntou enfiando a mão no bolso e esfregando os dedos na nota pra sentir o papel.
Desculpe, aqui está. Tenha uma boa tarde...
#39
Normalmente quando entrego flores num velório, que acaba acontecendo quase uma semana depois do fato, sou orientado a deixar as flores, arranjos, coroas e afins numa sala separada, nos fundos do lugar aonde acontecerá a cerimonia.
Entretanto, neste dia, não sei exatamente por que a funcionária me sinaliza a sala aonde já estava o caixão...
Confesso que dei uma parada, meio titubeando, mas como ela foi na minha frente não tive opção a não ser segui - la.
Desviei o mais que pude o olhar para evitar olhar. Nunca tive problemas com enterros, mas não entendi o motivo de olhar pro outro lado.
Coloquei a coroa de flores no lugar que me foi indicado. Ajeitei de acordo com as orientações. Olhei em frente e já estava me virando pra sair quando ela me agradeceu.
Instintivamente me virei para desejar um bom dia quando olhei um caixão branco e pequeno.
Uma linda menininha loira deitada com um aspecto tranquilo, um ar sereno...
Deveria ter a idade da minha filha... ah... foi difícil... bem difícil...
Entretanto, neste dia, não sei exatamente por que a funcionária me sinaliza a sala aonde já estava o caixão...
Confesso que dei uma parada, meio titubeando, mas como ela foi na minha frente não tive opção a não ser segui - la.
Desviei o mais que pude o olhar para evitar olhar. Nunca tive problemas com enterros, mas não entendi o motivo de olhar pro outro lado.
Coloquei a coroa de flores no lugar que me foi indicado. Ajeitei de acordo com as orientações. Olhei em frente e já estava me virando pra sair quando ela me agradeceu.
Instintivamente me virei para desejar um bom dia quando olhei um caixão branco e pequeno.
Uma linda menininha loira deitada com um aspecto tranquilo, um ar sereno...
Deveria ter a idade da minha filha... ah... foi difícil... bem difícil...
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