quarta-feira, 15 de junho de 2016

#40

Claro que a portaria ligou ora avisar da entrega de flores...

Mas nem isso foi suficiente pra que a dona da casa agilizasse o processo de abrir a porta.
Toco a campainha (que normalmente não funciona) e espero. Nada...

Bato na porta e nada...

Já estou me preparando pra deixar o vaso no chão quando ouço a fechadura da porta se abrindo, lentamente.

- entrega de flores, senhora!
- que lindas!
- cuidado pois o vaso está pesado
- voce pode por favor colocar lá dentro?

Ela se vira e vai andando na minha frente, passos minúsculos, vagarosamente.

- por favor deixe ali em cima do balcão.
- pois não, senhora! A senhora pode, por favor, assinar o recebimento? digo a ela, estendendo a prancheta...
- voce tem troco? pergunta ela com uma nota estendida
- acho que tenho. Quanto a senhora quer?
- hum... tem 2?
- vou até o carro buscar

Ela pega a prancheta, tira os óculos dos olhos, põe na cabeça a começa a passar a mão na folha de papel... acho que ela não enxerga direito, penso eu.

Vou e volto ate o carro, entrego os 2 e ela me devolve a prancheta com uma assinatura no meio da página.

- voce quer levar uns vasos das outras entregas?
- posso levar, senhora.
- ótimo, vem comigo pra pegar... e sai naquele passinho lerdo...

- estão em cima da máquina de lavar. Pegue aquela escada e abra o armário. Pode pegar todos.
- muito obrigado pela gentileza.

Vou indo em direção à porta e pergunto e ela:
- por que a senhora me pediu o troco?
- ah, queria te dar uma gorjeta...
- mas a senhora pos a nota no bolso direito da blusa e não me deu nada...
- não? ela perguntou enfiando a mão no bolso e esfregando os dedos na nota pra sentir o papel.
Desculpe, aqui está. Tenha uma boa tarde...

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