segunda-feira, 23 de maio de 2016

#38

Claro, o apartamento era o mais longe possível da entrada do prédio...
E o vaso era pesado, evidentemente.

Lá fui eu atrás do número 201.

Toco a campainha e espero um pouco, fazendo força pra segurar o vaso, a prancheta, a caneta e equilibrando o celular.

Não acontece nada... bato na porta e ouço uma voz lá de dentro, falando:

- Quem será? Vou ver se é aqui mesmo...

- Bom dia! Entrega de flores!

- Flores?? Mas quem mandou?

- Não sei, senhora. Tem um cartão junto do vaso com a mensagem de quem mandou.

- Ah!!! Já sei... voce é daquela floricultura da cidade, não é?

- Isso mesmo, senhora!

- Aquelas flores que voces me mandaram no Dia das Mães estavam tão lindas que comentei com a minha filha com muito entusiasmo. E agora ela resolveu me mandar flores novamente.

São lindas como as outras, muito obrigado. E nem é Dia das Mães!

#37

Uma parte do trabalho inclui a manutenção do carro, obviamente.

A idéia, então passa a ser inserir um ou outro episódio mais marcante também no que se refere ao carro, esse tão valioso instrumento de trabalho.

Pois lá fui eu para o troca de óleo do carro, agendada na oficina.

Cheguei um pouco antes do horário determinado, esperando com isso ir embora mais cedo. Quase deu certo, dada a quantidade de pessoas sentadas na sala de espera da oficina. Um senhor dos seus 70 e poucos anos usando um boné ainda com a etiqueta, um amigo dele que não largava o celular de jeito nenhum e uma senhora que, soube mais tarde, recém separada.

Eram 4 cadeiras e 4 clientes. Esperando um bom tempo pelos seus carros.

Precavido que fui, levei meu livro e aproveitei para adiantar uma leitura bem interessante sobre como os atletas radicais fazem pra redefinir os limites do possivel. Recomendo...

Junto comigo entraram mais 2 mulheres que foram fazer a inspeção do seguro do carro recém adquirido. Pela conversa e pelo sotaque são, na melhor das hipóteses, russas.

O velhinho, todo animado se intromete na conversa e se voluntaria para ajudar na inspeção, acreditando estar com alguma chance de qualquer coisa. Que preguiça...

Lá pelas tantas, passadas mais de 1 hora e meia o velhinho levanta e pergunta aonde fica o banheiro.

- Na 2a porta a direita, logo depois do balcão.

Ele vai, volta, faz cara de inconformado e atira a sangue - frio:

- Quero fazer uma reclamação... esse deve ser o único banheiro neste País (e já visitei muitos banheiros de oficinas mecanicas) aonde não encontrei aquelas fotos maravilhosas das pin - ups ou posteres da Playboy... nunca mais venho aqui!

sexta-feira, 13 de maio de 2016

#36

Quase hora do almoço e eu com fome...

Mas ainda tinha que fazer 2 entregas antes de parar pra almoçar.
E lá fui eu, olhando o GPS e procurando o endereço.

Aliás, já descobri que o GPS escolhe o caminho que ele quer, independente de ser o mais rápido ou mais curto ou mais sei lá o que que se pode programar...

Se voce vai em frente e deveria ter ido à esquerda ele não te manda retornar... ele te faz dar uma volta ao mundo... e por que não uso o Waze? porque ele consome muita bateria do meu celular, pobre de mim...

Voltando à entrega, lá vou eu dentro do condomínio sem porteiro, numa rua que circunda o muro e vai até a outra entrada (que deveria ter sido por onde entraria, mais perto e de mais fácil acesso... enfim...) até estacionar na porta da casa.

Era um vaso grande, muito bonito e bem arrumado. Uma fita branca envolvia tudo.

Ponho o vaso no chão e toco a campainha. Ouço um barulho e percebo movimento através do vidro da porta. Espero um pouco e a porta se abre. Era uma senhora mais velha, fico com medo dela não conseguir carregar o vaso.

Me ofereço pra levar o vaso pra dentro mas ela agradece e recusa gentilmente.

Assina o papel do recebimento e pergunta quem enviou.
Acontece que não sei, mas mostro o cartão que acompanha o vaso pendurado numa haste plástica aonde ela pode ler a mensagem.

Entro no carro e quando ia colocar o próximo endereço no GPS me dou conta que ela ainda está em pé na porta da casa abaixada e pegando o cartão.

Ela abre o papel, lê a mensagem, põe a mão no peito aparentando felicidade e depois leva as mãos até a boca em sinal de surpresa. Ponho o endereço e quando levanto a cabeça para olhar o movimento percebo que ela ainda está lá... só que agora enxugando as lágrimas de felicidades...

#35

Um dia tranquilo, mesmo com várias entregas.

Acontece que eram todas concentradas. Nada de ficar o dia todo prá fazer 4 ou 5 entregas.
Olho na minha folha de roteiro (isso mesmo, tenho uma folha de roteiro prá otimizar o percurso) e vejo que a 1a entrega é numa área de muitos canais e barcos.

Vou indo, dirigindo e seguindo o GPS, como normalmente faço.

Virar à direita, esquerda, anda um pouco, curva prá lá, curva prá cá, anda 3 quarteirões, entra na rua e finalmente encontro o endereço.

Desço do carro, equilibro o vaso, a prancheta, a chave do carro, o celular e nem me lembro o que mais...

Toco a campainha, bato na porta e ouço o cachorro latindo (bom sinal!).

Espero um pouco e ... nada... mais um pouco e... nada...

Toco novamente a campainha e já começo o processo de avaliação de deixar na porta e ir embora.
Acontece algumas vezes de, mesmo com carro estacionado na porta, não atenderem a campainha.
Deixo na porta e ligo pra avisar que foi feita uma entrega de flores bla bla bla...

Mas ouço um voz feminina atrás de mim, perguntando o que era.
Viro com o arranjo nas mãos e a senhora sorri, feliz.

Peço pra ela assinar o canhotinho de recebimento e vou embora.

Nada de mais nessa entrega se não fossem 2 curiosidades: ela estava de pijama de flanela (e estava quente) e meu grande amigo Antonio Freitas estava o tempo todo assistindo a entrega pelo Skype.

Obrigado pela companhia, meu amigo!